Ele piscou os olhos, espantado com a penumbra em que o quarto ainda estava mergulhado. Àquela altura, o sol já devia ter nascido, não? Ou será que ele tivera outra de suas crises de insônia?
Rylan suspirou, passando a mão sobre o rosto, sentindo-se estranhamente dolorido. Foi só nesse instante que ele percebeu que havia um peso extra sobre seu peito. Sorrindo, ele encarou o topo da cabeça de Shizu. Ela ainda estava profundamente adormecida.
Era a primeira vez que estavam em Suzuko como casal e apesar de tentar disfarçar, Shizu estava nervosa. Ryl insistira que era melhor ficar em uma pensão, mas, morando ela sozinha desde que saíra da casa dos avós após a morte dos pais, Shizu não via porque ele não deveria ficar na casa que comprara para usar quando não estivesse na escola. Mas, embora tivesse praticamente obrigado o rapaz a aceitar sua hospitalidade, não podia deixar de se sentir nervosa com o pensamento de que estariam sozinhos ali. E, seu nervosismo só se acentuava à medida em que terminava de arrumar a surpresa que estava planejando fazer a ele.
Sentado no refeitório, Rylan olhava volta e meia para a porta. Apesar de não precisar comer ali com os alunos, lá estava ele... E, o grande motivo do dia... Querer se encontrar com uma amiga e falar que gostava dela e que queria mais do que amizade. Ele colocou as mãos na cabeça, bagunçando o cabelo, ansioso.
Ele reparou no dia anterior que Shizu desviou do seu caminho duas vezes depois que o viu. E naquele dia tinha sumido. Ryl sabia o motivo... Foi o que o irmão dela falou há dois dias, quando, sem querer, ele roubou um beijo dela. Tinha sido um beijo que nenhum dos dois esperava, resultado de um pedido de uma criança e um desequilíbrio dela. Mas aquele beijo o despertou para algo mais...
