segunda-feira, 5 de abril de 2010

Turning Point Vol 01 - Capítulo Extra
Tadaima


Kazuya não demorou a recolher suas coisas do automóvel e levá-las para a barca. Olhando ao seu redor, via vários pais e irmãos despedirem-se dos alunos que se encaminhavam para Amaterasu naquela noite. Em uma semana começaria o novo ano letivo, o sétimo do ruivo desde que ingressara na escola de magia.


Despedindo-se do motorista de sua família, caminhou tranqüilamente entre os muitos rostos chorosos que havia ali. Nunca entendera por que as mães, principalmente, lacrimavam tanto toda vez que a barca partia... Afinal, não era como se nunca mais vissem os filhos novamente. Com certeza era por isso que sua madrasta não o acompanhava; não queria que o rapaz a visse triste.


Enquanto se dirigia ao meio de transporte que o levaria para Amaterasu, alguns alunos ocasionalmente viravam em sua direção, mas ninguém o incomodou. Kazuya já estava para sair das docas e embarcar quando ouviu um tímido som. Virando-se, procurou silenciosamente sua origem. Não demorou a encontrá-la.


Sentada perto de um dos postes que seguravam os barcos naquele pequeno porto, estava uma criatura pequena e ruiva como ele. Os olhos verdes pareciam espelhar os do rapaz, mas com muito mais brilho. Compelido, o jovem Negishi mudou seu caminho, trilhando em direção ao bichinho. Quando o pequeno animal percebeu sua aproximação, fixou no tenor um olhar estudioso, mas não fez qualquer outro movimento. Sabendo que deveria permiti-lo avaliá-lo primeiro, o solista parou, aguardando algum sinal de aprovação. Em menos de trinta segundos, a criatura soltou um miado baixinho, espreguiçando-se, antes de levantar e postar-se aos pés do setimanista.


Kazuya não conteve o pequeno sorriso que se formou em seus lábios. Abaixou-se lentamente para não assustar o pequenino, que aparentava não ter sequer completado um ano.


- Está perdido? Cadê sua família? – o cantor perguntou, ao passar de leve a mão sobre a cabeça do animal. Notou logo que o pêlo alaranjado estava, além de sujo, um tanto crespo e sem qualquer brilho – sinal de má alimentação.


Negi delicadamente segurou entre as duas mãos a pequena bola peluda, levantando-a para examiná-la. Percebeu duas coisas: primeiro, que se tratava na verdade de uma gata; e, segundo, que, apesar de nova, ela estava muito magra para o seu tamanho. Apesar disso, a criatura não parecia doente ou sequer fraca, mas independente. O olhar que lançara anteriormente ao rapaz para estudá-lo era prova de que já se adaptara o suficiente para sobreviver.


O ruivo a depositou cuidadosamente no chão antes de acariciar-lhe as costas. A gata começou a ronronar e a dar leves cabeçadas em suas mãos. Sorrindo novamente, Kazuya abriu a mochila e retirou o resto do sanduíche que não conseguira terminar na hora do lanche, colocando-o à frente da felina. Observou-a, por alguns minutos, enquanto ela devorava o presente. Pouco depois, fez-lhe mais um carinho na cabeça antes de se levantar e retomar seu percurso.


A barca não demoraria a zarpar.

*****


Os olhos verdes fixaram-se no mar, observando as águas agitadas através da escotilha de sua cabine. Sentado na cama, Negi ouvia algumas de suas músicas preferidas soarem nos fones de ouvido.

Depositado em meio aos lençóis, o pequeno aparelho que tocava as melodias piscava para ele. Sozinho no quarto, já que os outros alunos que dividiam a cabine preferiam conversar no convés, o ruivo cantarolava algumas das notas que preenchiam o cômodo.


Se fosse sincero, o solista também preferia a sensação da brisa marítima sobre sua pele; mas, ficar ali lhe dava a liberdade para cantar à vontade. Não que ele tivesse medo ou vergonha de cantar em público, mas também não poderia simplesmente se colocar em meio a uma multidão e soltar a voz. Aquilo, obviamente, não seria nada profissional.


O setimanista estava no meio da Nona Sinfonia de Beethoven quando ouviu um enorme barulho sobrepujar-se à sua voz, a qual já estava em alto volume. Mal teve tempo de se virar para ver quem abrira a porta do quarto com tanta disposição; sentiu um peso afundar-lhe o corpo no colchão. Não precisava abrir os olhos – que haviam se fechado devido ao impacto – para saber quem estava sentado sobre ele. Antes mesmo que aquela voz familiar ecoasse pela cabine, Kazuya já reconhecera seu dono.


- Cebolinha! – gritou Natsuo, com muita empolgação – Tadaima!


Mesmo sabendo que algumas pessoas observavam a cena pela porta do cômodo, o ruivo, preso entre as pernas do mais velho, revelou um pequeno sorriso, ao mesmo tempo em que descobria os orbes, antes de responder.


- Okaeri, Tatsu.




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